7 Mitos sobre a Meditação

Como professor de Yoga e Meditação eu ouço diariamente alguns mal entendidos sobre o que é Meditação. Percebo um padrão claro nestas expressões que são repetidas há décadas por quem nunca praticou, ou mesmo por quem teve uma instrução ou experiência mal conduzida. Essas interpretações inexatas acabam formando uma opinião falsa sobre a natureza da prática meditativa, afastando pessoas que pensam que Meditação pode não ser para elas. Abaixo eu aponto quais são esses mitos* que podem estar ainda te impedindo de iniciar-se nessa incrível jornada de autoconhecimento e redescoberta da paz interior.


Mito #1: “Meditação não é para mim, tenho uma mente muito agitada…”

Muitas vezes as pessoas simplesmente concluem que não possuem uma natureza meditativa, pois observam o alvoroço de suas mentes e pensam: “Eu nunca vou conseguir ficar quieto e tranquilo para conseguir meditar”. A Meditação pode iniciar exatamente neste ponto onde começamos a observar os pensamentos, tomar consciência do fluxo incessante de ideias e emoções dentro de nós e perceber que há uma escolha sobre como podemos observar tudo isso, sem deixar que a mente nos controle e nos faça achar que não há essa escolha, essa liberdade.

Mito #2: “Para meditar preciso ficar sentado como um Buddha durante muito tempo sem mexer…”

Essa é uma opinião muito comum, pois as pessoas veem, por exemplo, fotos de pessoas meditando em uma postura de Lótus com o corpo perfeitamente balanceado. Sejamos realistas, quantas pessoas têm o costume de sentar-se no chão no dia a dia? A musculatura de nossa lombar não está preparada para ficarmos confortáveis por longo tempo nessa posição, pois dependemos muito das cadeiras. O fato é que existem benefícios nas posições clássicas de meditação, mas elas não deveriam ser impositivas. Quando forçamos nosso corpo pode haver muita dor e mesmo lesões se exagerarmos. A postura mais importante da Meditação é a postura interior, uma postura de atenção plena, de contemplação do que acontece no momento presente internamente e externamente. Na realidade devemos buscar uma postura firme e relativamente confortável para meditarmos, podemos usar uma cadeira ou poltrona, mesmo sentar no chão e encostar na parede. Existem banquinhos anatômicos de meditação que auxiliam a coluna a ficar alinhada mais naturalmente. É claro que se você já se sente confortável para meditar nas posturas clássicas, excelente! Mas isso não deve ser imposto a todos, cada um tem seu próprio ritmo e, principalmente no início, deve-se buscar uma posição que não gere excessivo incômodo ou dores, pois isso poderá descentralizar nossa atenção da prática.

Mito #3: “Meditação é religião, uma coisa para monges…”

A Meditação não pertence a nenhuma religião, a nenhuma tradição especificamente. Mas ela foi sim descoberta, desenvolvida e aprimorada por diversos místicos e sábios ao longo dos últimos milênios. Isso significa que precisamos distinguir religião de religiosidade, inclusive a própria palavra religião tem sua origem em “religare”, ou seja de nos reconectar com nós mesmos, com a vida. As religiões tradicionais acumularam dogmas e interpretações sobre a vida, muitas vezes se distanciando grandemente de seus primórdios (como vemos na própria história do cristianismo que matou, torturou em nome de Deus, esquecendo-se da premissa básica do amor ao próximo de Jesus de Nazaré). Contudo, os místicos de todas as épocas e filosofias parecem falar a mesma língua mas de formas diferente. Todos apontam, para esse espaço de paz interior, esse universo interno que podemos acessar em qualquer momento, dando nomes diferentes para uma experiência comum. Desta forma, a meditação sobreviveu até os dias atuais através de tradições como o Budismo, mas não significa que meditar é tornar-se budista. O próprio Buddha ensinava Meditação para pessoas de todas as idades, religiões, gêneros e classes sociais. Se essas práticas chegaram até nós hoje é porque foram preservadas com muito cuidado por monges que dedicaram todas as suas vidas a manter viva essa tradição. Mas hoje a meditação está disponível para todo mundo e todos nós podemos experienciar os benefícios dela, mesmo dentro de nossas vidas normais, nosso trabalho e família.

Mito #4: “vai demorar muito tempo para que eu sinta seus efeitos…”

Grandes universidades como Oxford, Harvard, Cambridge e MIT, possuem vastas pesquisas que já comprovaram os benefícios físicos, emocionais e psíquicos da prática da Meditação. E um dos fatos mais intrigantes para os pesquisadores foi observar que com 1 ou 2 semanas de breves práticas diárias, os pacientes já sentiam os efeitos, que se refletiam em uma efetiva melhora de quadros clínicos, por exemplo. Em minha própria experiência como Professor pude acompanhar diversos casos em que, com poucas semanas, certos alunos passaram por mudanças internas profundas, transformando suas visões de mundo e voltando a sentir mais vitalidade no dia a dia, mais frescor e renovação em relação às suas próprias vidas.

Mito #5: “Meditar é parar de pensar…”

Esse é um dos mitos mais clássicos, repetido por todos os lados. Por um lado, podemos dizer que a Meditação, de fato, pode acalmar as ondas da mente, contudo, isso não significa parar de pensar. Nossa mente produz pensamentos como nosso fígado produz certas substâncias, ou seja, é parte de sua natureza. Para meditar não precisamos parar, controlar ou extinguir esse fluxo incessante de ideias, emoções e pensamentos que observamos em nossa mente. Na verdade, a prática meditativa busca nos levar a um estado interno de total aceitação, contemplação e não julgamento de tudo que surge no momento presente e isso inclui tudo o que surge internamente também. É claro que existem técnicas do Yoga e de outras tradições, que através de práticas de foco e concentração em objetos internos, externos ou mesmo sons, buscam silenciar a mente. Mas como nós não podemos praticar essas técnicas ininterruptamente, no momento em que as terminamos, nossa mente já retorna a todo vapor. Por isso é preciso meditar tomando consciência de nossos próprios pensamentos, sem fugir deles ou querer controlá-los, percebendo que nós não somos os pensamentos, que nós somos essa consciência mais profunda que os observa. E assim conseguimos levar a Meditação para toda a vida.

Mito #6: “Não tenho tempo para meditar…”

Ter uma vida agitada, muitos afazeres e responsabilidades não significa não poder dispor de alguns minutos por dia para meditar. Muitas vezes imaginamos que para colocar a prática da Meditação em nossa vida vamos precisar mudar toda a nossa rotina a partir de amanhã, acordar 1 hora mais cedo etc. Podemos sim nos propor mudanças drásticas se desejarmos, mas não precisa ser necessariamente assim, principalmente no início. Uma proposta que se adéqua à nossa vida cotidiana sem que precisemos mudar absolutamente nada é iniciar com leveza, por exemplo, 5 minutos antes do café da manhã, ou em um intervalo durante o dia ou mesmo antes de dormir. Ninguém pode dizer que não dispõe de 5 minutos! O fato é que quando começamos com calma neste caminho, podemos ir aos poucos, cada um em seu próprio ritmo, encaixando naturalmente a Meditação em nosso dia a dia, expandindo o tempo de prática depois para 10 minutos, depois 15, até que cada pessoa encontre seu tempo ideal de prática. E depois experimentando retiros e práticas mais longas. Em minha experiência, percebo que quase todos que se propõem mudanças radicais muito rapidamente, acabam se autossabotando e deixando de lado a prática depois como um todo. Contudo, percebi que os alunos que aumentaram gradativamente suas práticas, conseguiram fazer isso justamente por sentir os efeitos que uma prática simples de 5 minutos por dia já nos dá.

Mito #7: “Meditar é muito difícil…”

Muito imaginam que a Meditação é constituída de práticas muito complexas e esotéricas, que apenas pessoas muito concentradas conseguirão ter êxito. Muito folclore em torno da palavra iluminação também foi difundido, de forma que nos distanciamos do que essa tradição realmente aponta. O que a Meditação busca é que retornemos a simplicidade, que nos reconectemos com o momento presente. Se iniciamos no caminho da Meditação com bons instrutores e começamos a aplicar as técnicas com calma em nosso dia a dia, a prática da Meditação pode ser algo bem tranquilo na verdade. Isso não significa dizer que é um caminho fácil. Sem dúvida, meditar trará mais paz e harmonia para nossas vidas, mas como nas histórias dos heróis míticos, precisamos enfrentar dragões pelo caminho desta saga. Fácil mesmo é o caminho da resignação, o caminho de uma vida sem reflexão. É claro que quando nos propomos esse autoespreitamento, essa observação mais profunda de nós mesmos, teremos de enfrentar nossa sombra, nossos aspectos mais egoístas. Mas cada sentar-se para meditar é em si uma jornada única. Não precisamos transcender tudo de uma hora para outra. Praticando com certa frequência vamos notar que mudanças sutis ocorrerão naturalmente e que o despertar da consciência é um processo contínuo. Meditar desafia nossos hábitos antigos e é também como que uma prática que vai contra a corrente do mundo, pois ao invés de gastar nosso tempo comprando, consumindo, assistindo, estamos nos dando uma oportunidade para contemplarmos a vida que se expressa aqui agora, através de nós.


A Meditação é realmente uma prática aberta para todos os seres humanos, de todas as culturas e de todas as épocas. A Meditação é para você!

Foto por Débora Nogueira – Cachoeira da Fumaça – Chapada Diamantina 2013

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Namastê,
Marcus Fonseca


*A palavra Mito aqui é usada em seu sentido vulgar: mentira ou crença comum sem fundamento objetivo. Desconsiderando, aqui,  sua significação enquanto narrativa simbólica arquetípica.


 

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